domingo, 19 de fevereiro de 2017

Mecatrônica ou Controle e Automação?

Que curso devo fazer para estudar Robótica? Engenharia Mecatrônica ou Engenharia de Controle e Automação? Qual é a diferença entre eles?

Muita gente tem dúvidas sobre a diferença entre Engenharia Mecatrônica e Engenharia de Controle e Automação, e eu recebo muitas perguntas sobre esse tema. Vou dar a minha visão aqui pra tentar ajudar no esclarecimento.

De fato, no Brasil existe uma confusão na nomenclatura desses cursos de engenharia. Algumas faculdades tratam os cursos de forma distinta: Mecatrônica como ênfase da mecânica, Controle e Automação como ênfase da Elétrica. Outras tratam os termos "Mecatrônica" e "Controle e Automação" como sinônimos. Vale conferir a grade curricular de cada curso que você tiver interesse em fazer.

Eu já dei aula em dois cursos de Engenharia de Controle e Automação: na UCL (Faculdade do Centro Leste) e no IFES - Campus Serra. Ambos podem ser considerados mais próximos da elétrica, embora o curso da UCL tenha algumas matérias a mais da mecânica. Além das matérias básicas das engenharias, em ambos há matérias sobre Robótica. Também há várias matérias que tratam de Circuitos Elétricos, Eletrônica Analógica e Digital, Microcontroladores, Controle, CNC, PLC, Instrumentação, Sensores etc. Recomendo uma olhada nas grades curriculares pra terem uma ideia melhor:

http://sr.ifes.edu.br/index.php?option=com_content&view=article&id=146:engenharia-de-controle-e-automacao&catid=56:engenharia-controle-e-automacao&Itemid=73

https://www.ucl.br/graduacao/engenharia-de-automacao-e-controle/

No Brasil o Ministério da Educação (MEC) recomenda oficialmente apenas o uso do nome Engenharia de Controle e Automação, e não Engenharia Mecatrônica. Há alguns anos o MEC iniciou um processo para reduzir a quantidade de denominações de engenharia, agronomia e arquitetura no Brasil, de mais de 200 para  apenas 22. A lista de denominações e descrição do perfil profissional corresponde está disponível aqui:

http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/referenciais2.pdf

O MEC também publicou uma lista de convergência de denominações para os cursos de engenharia, esclarecendo qual nova denominação deve ser considerada para cada denominação antiga. Assim todos podem ter uma ideia melhor de como o Ministério da Educação classifica cada formação:

http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/convergencia_denominacao.pdf 

Portanto, entendo que o título oficial recebido após o curso deva ser Engenherio de Controle e Automação. Dependendo da faculdade, a formação pode ser uma ênfase do curso de Mecânica ou de Elétrica. Nesses casos, o título recebido poderá ser Engenheiro Mecânico ou Engenheiro Eletricista, com a ênfase correspondente.

Resumindo, é muito importante conferir a informação com a faculdade de seu interesse, principalmente porque os cursos podem dar habilitações diferentes (junto aos CREAs), impactando diretamente nas áreas em que o engenheiro pode atuar depois de formado.

Espero que esse texto ajude a esclarecer um pouco mais a sobre a denominação desses cursos.
Até a próxima!

11 comentários:

  1. Estou pensando em controle e automação no ifes, mas estou com medo do mercado de trabalho.

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    1. Pedro, tenha em mente que o mercado de trabalho provavelmente será bem diferente daqui a 5 ou 10 anos. Fazer um curso superior requer muito tempo, dedicação e esforço, por isso é importante estudar algo que seja atraente pra você. O mercado de trabalho oscila sempre, pra qualquer profissão. No longo prazo, suas chances de ter sucesso são maiores se você estudar algo que gosta. Pelo menos essa é a minha visão.
      Sucesso!

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    2. Olá Pedro. Eu concordo com o que o Felipe disse. E resolvi complementar com algumas informações. Sei que já passou um certo tempo desde sua pergunta, mas talvez ainda possa lhe ser útil, ou até a outro leitor. Eu sempre gostei muito de programar e durante o curso de Engenharia Mecatrônica (meu outro comentário mais abaixo) acabei foi estagiando como programador em uma empresa desenvolvedora de softwares de BH. Até tentei também outras empresas que trabalhavam com CNC (eu também gostava deste assunto), mas fiquei foi mesmo no estágio de programação. E ao finalizar o curso, meio que remando contra a maré de todos os outros colegas recém engenheiros, optei por me inscrever para a área de TI da Embraer. A qual felizmente acabei entrando, graças a Deus. Um detalhe: para a área de TI eu fui chamado de imediato, enquanto que vários colegas que se inscreveram para áreas de engenharia ou produção só foram chamados meses, ou anos depois. E após 5 anos na TI da Embraer, resolvi ir para a Petrobras, também na área de TI, onde estou a 16 anos. Ou seja, na prática sempre atuei com o que eu gosto, TI (nunca precisei do meu registro no CREA, hehe, embora o tenha feito e mantido em dia por muitos anos, até ver que realmente poderia suspendê-lo). Mas embora eu nunca tenha trabalhado na área de Engenharia, posso dizer que todo o meu curso de Engenharia proporcionou o desenvolvimento de certas competências que não são tangíveis como as matérias específicas do curso mas que acabaram sendo bem úteis tanto para entrar no mercado como no dia a dia do mesmo. Eu lembro que algumas vezes eu me comparava com muitos colegas da TI, da Embraer ou da Petrobras, que tinham cursado "só" Análise de Sistemas, Processamento de Dados ou outros cursos específicos de TI, e via que algumas dificuldades que eles tinham eu não tinha, e que isso podia ter a ver com as tais competências/desafios que o curso de Engenharia proporcionou. Creio que foram elas que contribuíram para eu me destacar um pouco mais e chegar até a ser promovido a funções de confiança antes de meu pares na TI. Exemplos de tais competências, exercitadas durante o curso de Engenharia: muito estudo/leitura; raciocínio lógico; visão holística; trabalho em equipe; pesquisa de informações; comunicação oral/escrita; compreensão da importância da manutenção preventiva em vez da manutenção corretiva (útil em vários casos: seja uma complexa e cara planta ou máquina industrial, seja nossa casa/carro/ar condicionado, seja um ambiente/projeto/sistema de TI, etc); criatividade para imprevistos de última hora (como ocorreu demais no carrinho Mini Baja que na época construímos para a competição anual do Baja SAE Brasil - que existe até hoje); e muitas outras. Enfim, este é só um depoimento de alguém que considera um curso de Engenharia, seja ele qual for, tão desafiador (da minha turma inicial de 60 só 9 se formaram após 5 anos) que, por si só, claro que com a devida dedicação, já nos prepara bastante para vários tipos de empregos. Seja na área de Engenharia mesmo (que obviamente o curso é fundamental) mas também em outras áreas que muitos nem imaginam, como o exemplo da área de TI. E lembrando que em muitos processos de seleção as competências interpessoais costumam ser tão ou mais valorizadas do que o próprio conhecimento técnico. Na minha entrevista final na TI da Embraer, por exemplo, falaram que lá se programava muito em Delphi (uma linguagem de programação). Eu falei algo como: "Xi, minha experiência é praticamente toda em Visual Basic (outra linguagem)." E me responderam: "Sem problema, quem sabe uma delas aprende a outra sem dificuldade", o que ocorreu de fato. Mas o importante foi: eu só cheguei na etapa da entrevista na TI depois de ter passado em várias etapas/dinâmicas do RH (que reprovou muitos), e nelas ninguém me perguntou nada que tivesse relação com as matérias técnicas da Engenharia!

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    3. Agora, se a dúvida tiver relação entre optar entre vários cursos de engenharia, como Eng. Mecânica, Eng. Elétrica ou Eng. de Controle e Automação (que, como falado no post, agora engloba os conceitos da Mecatrônica), eu acho que a terceira opção seria bem mais vantajosa. Pois creio que as oportunidades de atuação serão maiores. Principalmente para quem gosta de robótica (foco deste site), sistemas automatizados, etc.

      Mas seja na Engenharia, na TI, na Medicina, no Direito, etc eu sei que é mesmo muito importante tentar se manter atualizado com as novidades. É difícil, elas surgem exponencialmente (na TI que o diga), mas foi por isso mesmo que eu disse "tentar". Avançar, mesmo que devagar. Pois, como diz o ditado, "o importante é não ficar parado" (www.pensador.com/frase/NDA2NjE4). No ramo da Mecatrônica e CA existem, por exemplo, muitas revistas especializadas, que podem ser bastante úteis. Se nunca viu nenhuma, experimente pesquisar no Google por revista mecatrônica (https://www.google.com/search?q=revista+mecatr%C3%B4nica&sxsrf=ALeKk039t18wWP185PGQgslvJonD0ZwAqA:1601154672794&source=lnms&tbm=isch). Outra idéia de pesquisa, ainda no Google: livros mecatrônica (https://www.google.com/search?q=livros+mecatr%C3%B4nica). Ou livros controle e automação. São inúmeras as possibilidades, seja no Google, na Amazon, em sites de cursos como Hotmart ou Udemy (https://www.udemy.com/courses/search/?src=ukw&q=mechatronics), perguntando para professores, etc. É a tal "pesquisa de informações" sendo posta em prática, hehe.

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    4. @FMM, obrigado por compartilhar a sua experiência por aqui!

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  2. Essas tabelas todas será que estão atualizadas?

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    1. Os links levam aos sites oficiais do IFES, UCL e do MEC. Quando eu escrevi este post (em 2017), a informação era atual. Você deve checar nos sites dessas instituições para verificar se houve alguma atualização. No caso do curso do IFES, sei que uma atualização curricular está sendo finalizada e um novo currículo entrará em vigor muito em breve.

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  3. Artigo bastante esclarecedor, Felipe, parabéns. Eu cursei "Engenharia Mecatrônica" na PUC-MG de 1999 a 2004, mas que na verdade/oficialmente era Engenharia Mecânica com ênfase em Mecatrônica (que foi o que de fato veio no diploma). Na época existia também o curso de Engenharia de Controle e Automação, que continha muitas matérias da Mecatrônica mas era, no geral, mais relacionado à Engenharia Elétrica. Achei muito interessante ver o pdf oficial do MEC que você disponibilizou com a convergência dos cursos, mostrando a idéia de todos com o termo mecatrônica se convergirem para Engenharia de Controle e Automação, sendo que, como você bem alertou, pode ter uma ênfase mais para a mecânica ou mais para a elétrica, o que merece mesmo ser avaliado por cada aluno antes da escolha, inclusive por questões relacionadas ao CREA.

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    1. Olá, FMM. Obrigado pela visita e pela contribuição aqui nos comentários! Apesar de eu não publicar aqui no blog há alguns anos, fico feliz por saber que os textos ainda sejam úteis (de alguma forma). Abraços!

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    2. "Conhecimento compartilhado é conhecimento que não se perde". Então mesmo já tenho algum tempo, seu blog (como muitos outros) ainda são úteis. E, melhor ainda, são multiplicadores: pesquisando a frase acima para postar (não lembrava exatamente como era) acabei achando uma escola chamada Site Campus que oferece vários cursos de gestão de projetos, e todos foram tornados gratuitos em abril/2020 por conta da pandemia. Já inclui na minha lista de tarefas!

      https://sitecampus.com.br/conhecimento-compartilhado-e-conhecimento-que-nao-se-perde

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    3. Obrigado, @FMM! E sucesso com seus novos cursos!

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